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1 21/02/2018 23:20

Um vídeo, obtido com exclusividade pelo CORREIO, mostra parte da perseguição das equipes das Rondas Especiais (Rondesp) da Polícia Militar a uma dupla suspeita de integrar uma quadrilha especializada em furtos e roubos de veículos, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).

O confronto aconteceu na noite desta terça-feira (20), na Rua Barão do Triunfo, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. As imagens foram gravadas por duas câmeras de segurança de residências do local, em ângulos diferentes, e mostram quando pelo menos uma viatura da PM passa em disparada perseguindo um Corsa, placa JNA - 2294, com licença de Feira de Santana. 

Pouco depois, é possível ver um homem correr, no sentido contrário. Sem conseguir mais correr, ele cai pouco depois. No mesmo segundo, o outro suspeito passa correndo pelo canto direito da tela. O carro usado pelos bandidos desce desgovernado, sem ninguém dentro, e atropela um dos suspeitos, que estava caído no chão. 

Sem se aproximar das vítimas, os PMs mantém as armas apontadas para o homem caído. Minutos depois, mais uma viatura aparece nas imagens. Por último, os registros mostram cerca de cinco PMs colocando um dos homens no porta-malas da viatura. Não foi possível estimar o tempo que os policiais levaram até resgatar os dois homens.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) da Bahia informou que a perseguição aos suspeitos começou na Avenida Paralela, quando os militares desconfiaram de homens que estavam em dois veículos modelos HB20 e Corsa. Quando foi dada a voz de prisão, segundo a SSP,  um dos carros seguiu sentido Avenida ACM e o outro BR-324. As viaturas se separaram e perseguiram os automóveis.

O Corsa foi interceptado, próximo da Avenida Cardeal da Silva. “Dois criminosos conhecidos pelos apelidos de Sid Grandão e Buiú não obedeceram a voz de prisão e no confronto acabaram acertados. Foram socorridos, mas não resistiram. Com eles, os PM encontraram duas pistolas calibres 9mm (uso restrito)”, destacou a SSP, em nota. Um dos suspeitos foi identificado no Hospital Geral do Estado (HGE), para onde foram levados, como Sidney Ferreira Boa Morte, 29 anos.

Sidney, segundo ocorrência do posto policial do HGE, apresentava lesões provocadas por disparos de arma de fogo no tórax (duas vezes), face, braço e perna esquerdos. O outro suspeito morto foi atingido no tórax, braço e ombro esquerdos, pescoço e costas (duas vezes). Ainda de acordo com a ocorrência registrada pelos PMs no hospital, a dupla havia participado, com mais dois comparsas, do assalto a um HB 20, onde estava uma família. 

Já a equipe de PMs que seguiu atrás do HB20 achou o automóvel, abandonado, na localidade de Lama Preta, município de Camaçari, em frente a um imóvel. No quintal da casa foram encontrados dois carros dos modelos Toro e Gol. "Importante flagrante pela descoberta desse local de desmanche e também pela retirada de circulação das armas", afirmou o comandante do Policiamento na Região Integrada de Segurança Pública (Risp) Atlântico, coronel Francisco Kerjean Lopes.

Vizinhos relatam momentos de pânico

Os sinais da noite de horror permaneciam, até a manhã desta quarta-feira (21), por toda extensão da Rua Barão do Triunfo. Manchas de sangue e marcas de tiros denunciavam o crime da noite anterior. Foram cinco minutos de desespero para a aposentada Madalena Borges, 58 anos.

Ainda que tenha presenciado tudo do alto, do sexto andar do edifício em que mora há 20 anos, os tiros foram ouvidos com clareza.  "Foi uma coisa tão, mas tão horrível, que nem sei te dizer o que senti. Muitos tiros, parecia que era aqui no prédio. O pior, é que não dava pra saber do que se tratava", disse ela ao CORREIO.

Para Madalena, porém, a história não teve um final feliz. "Eu não acho que a morte de duas pessoas, sejam elas bandidos ou não, algo bom. A polícia parece se importar mais com matar do que preservar a vida. Tinha gente que não tinha nada a ver com a situação passando no momento, e eles continuaram atirando. Do ladrão a gente espera essa postura, mas e da polícia?", indagou ela, ao saber das mortes dos suspeitos.

Vizinho de dona Madalena, o empresário Clayton Da Vieira, 43, chegava em casa no momento do tiroteio. "Eu fiquei sem saber se entrava na garagem ou se saía correndo. Foi aquela situação que você não sabe muito bem o que fazer, mas sente muito medo. Os tiros pareciam não ter fim", contou  Clayton, acrescentando que os policiais foram aplaudidos por moradores.

"Eu acho que os policiais não tinham muito o que fazer, senão reagir àquela abordagem. É uma questão também de defesa", completou ele. Sem se identificar, outra moradora relatou também ter presenciado o fato. 

"Eu moro aqui há 15 anos, nunca vi nada do tipo. Eu achei que era barulho de moto, a princípio, quando saí na janela e me deparei com aquele homem já caído" lembra ela, acrescentando que chegou a se deitar no chão. "Moro no térreo, então a gente não sabe o que pode acontecer. Só fui ver quando os barulhos cessaram".

O mesmo pesadelo foi narrado por outros dois moradores que não quiseram revelar seus nomes. "Foi assustador. Ficamos no chão com medo de bala perdida. Rolou mais de 30 tiros. Vi o clarão no céu e fiquei assustada. Sai da cozinha agachada com medo", salientou a testemunha.

"A sensação é que o mundo estava acabando de tanto tiro. Fiquei escondido no banheiro com medo. Quando a polícia saiu e acabou tudo o sangue estava escorrendo na rua. FOi um horror", completou um rapaz que presenciou o ocorrido.

Correio







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