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1 12/12/2017 17:40

O número de brasileiros que não conseguem pagar suas contas continua subindo e chegou a 59,9 milhões de pessoas em novembro. No mês, o aumento na quantidade de inadimplentes foi de 0,23% na comparação com o mesmo período do ano passado. Na comparação mensal (de outubro para novembro), o indicador apresentou aumento de 0,15%. Os dados foram revelados ontem pelo indicador do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

A quantidade de pessoas com alguma conta em atraso e com o CPF restrito para contratar crédito ou fazer compras parceladas chega a 39,5% da população com idade entre 18 e 95 anos. Mas é na faixa entre os 30 e 39 anos que se observa a maior frequência de negativados. 

“A cifra ainda é bastante elevada. Para as empresas, o cenário implica a perda de potenciais consumidores; para os consumidores, implica restrição do acesso ao crédito”, analisa o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro.

Para ele, a mudança desse quadro está ligada à melhora das condições econômicas e, em especial, pela redução da taxa de desemprego. “Nos últimos meses, a economia brasileira iniciou um processo de recuperação. A atividade avançou por três trimestres consecutivos e a inflação e os juros recuaram. Algumas mudanças de regras também favoreceram o consumidor, a exemplo das novas regras do rotativo do cartão de crédito. Mas a recuperação ainda é incipiente e não atinge o bolso do consumidor”, afirma.

Regiões devedoras

É na região Sudeste em que se concentra a maior quantidade de consumidores com contas em atraso: 24,24 milhões (37%). A segunda região com maior número absoluto de devedores é o Nordeste, com 16,85 milhões de negativados (42%). 

Na região, as dívidas ligadas ao comércio foram as únicas a apresentar queda anual, com retração de 9,14%. O número de pendências devidas aos segmentos de água e luz cresceu 2,16%, enquanto os registros com o setor de comunicação e com os bancos cresceram 11,96% e 3,76%.

Como escapar das dívidas

Ainda dá tempo de ser excluído da estatística dos 60 milhões de brasileiros com nome sujo e começar 2018 com as contas no azul. Segundo o consultor financeiro Jonatha Souza, na maioria dos casos, boa parte dessas pessoas não tem o seu nome sujo apenas com um credor, mas com cartões de crédito, lojas, bancos e concessionárias. 

O educador apontou ainda como um dos principais problemas o fato de que o Brasil é um país pobre, com renda per capita baixa, porém com níveis de consumo comparados aos de países europeus e aos EUA.

“O melhor investimento para a classe média e baixa é não dever, porque não existe nada que renda tanto quanto os juros”, considerou Jonatha Souza.

Jonatha aponta como primeiro passo para quitar as dívidas em atraso saber a quem e o que se está devendo. “É muito comum a pessoa querer quitar as dívidas, mas nem saber que dívidas são essas” defendeu ele. A consulta é rápida, simples e pode ser feita pela internet por meio do site do Serasa ou do Consumidor Positivo. O segundo passo é não tentar quitar tudo ao mesmo tempo. Estabelecer prioridades de acordo com o valor dos juros e ir quitando os mais caros primeiro é o mais indicado em situações de múltiplas dívidas.

Além disso, é preciso equilibrar as despesas com o pagamento das dívidas e saber administrar bem a quantia em mãos. Ele explica que os custos fixos mensais não podem ultrapassar 40% do salário líquido e o ideal é que os 10% ou 15%, que normalmente seriam destinados a investimentos, sejam destinados ao pagamento da dívida. 

Outra dica preciosa que ele deixa é: “Só faça acordos e contratos quando você tiver certeza que pode levar até o fim, porque, se não for cumprido rigorosamente, a quantia investida até então pode ser completamente perdida e a dívida pode dobrar”. 

Quando a dívida é muito grande, o especialista acredita que se desfazer de um bem para quitar o débito é uma boa escolha.

E principal dica nesta época do ano é a de usar parte do décimo terceiro como entrada da dívida. Quem ainda possui um pouquinho do FGTS inativo que foi liberado pelo governo ou está esperando o depósito do último lote de restituições do Imposto de Renda também pode investir a quantia sem medo.

Inadimplência por idade

Em novembro, praticamente metade da população entre 30 e 39 anos (49%) tinha o nome inscrito em alguma lista de devedores, somando um total de 16,93 milhões de pessoas.

É o caso de um publicitário de 36 anos que contou à reportagem que está devendo ao banco, mas com vergonha de ter seu nome estampado no jornal, preferiu não se identificar. Ele revelou que tem duas dívidas, uma em seu nome e outra como pessoa jurídica. A primeira teve início depois que ele utilizou R$ 200 do cheque especial e não conseguiu pagar o valor. “No dia que eles fizerem uma proposta condizente com a dívida que eu tinha [inicialmente], eu pago. Enquanto quiserem que eu pague juros e multas exorbitantes, vou continuar sem condições de pagar”, desabafa.

A segunda dívida é do restaurante que o publicitário possui no município de Simões Filho. De acordo com ele, nesse caso a “bola de neve” não começou por sua culpa, mas de um fornecedor do estabelecimento. “Eu comprava com cheque pré-datado em um local, esse local passou o cheque pra um terceiro que depositou tudo em um dia, e não tive como pagar”.

Segundo dados da pesquisa, também merece destaque o fato de um percentual significativo da população com idade entre 40 e 49 anos (47%) estar negativado, da mesma forma que acontece com os consumidores com idade entre 25 a 29 (46% em situação de inadimplência). Entre os mais jovens, com idade de 18 a 24 anos, a proporção cai para 21% – em número absoluto, 4,92 milhões. Na população idosa, considerando-se a faixa etária entre 65 a 84 anos, a proporção é de 31%, o que representa 4,92 milhões de pessoas.

Veja dicas para não se endividar ainda mais

Consulta O ideal para quem deseja limpar o nome é consultar quanto deve e a quem deve. O procedimento é fácil e pode ser feito pela internet.

Prioridades  Não tente quitar tudo ao mesmo tempo. Eleja prioridades com base nos juros que crescem mais rapidamente e comece a quitar uma a uma.

Novas contas  Equilibre as despesas mensais com o pagamento das dívidas. Se livrar de despesas supérfluas pode ajudar a cumprir os contratos e acordos.

Foco  Só faça negociações quando for capaz de manter até o final. A quebra do contrato pode resultar na perda do valor que já foi pago e no crescimento desordenado da dívida.

Opção  A depender do tamanho da dívida, se desfazer de um bem pode ser uma opção para limpar o nome e se livrar de uma vez por todas da preocupação.

Dinheiro extra O 13º salário pode ajudar a quitar as dívidas neste mês de dezembro. Quem está no último lote de restituições do Imposto de Renda que sai dia 15 também pode usar esse dinheirinho.

Dezembro tentador Não se deixe levar tão fácil pelas vitrines e cartazes vibrantes de liquidação, as lembranças mais baratas e pagas à vista podem fazer toda a diferença neste Natal.

Compras Fazer uma lista é sempre bom para ajudar a comprar somente o necessário e evita o consumo 
desordenado e impulsivo. 

Natal planejado Comprar antecipadamente amplia as opções e dá mais tempo para a pesquisa de preços. Os especialistas garantem que quem compra às vésperas acaba pagando mais caro. 

Antes só Se possível vá às compras sozinho. Desta forma você não corre o risco de comprar algo influenciado por uma companhia “gastadeira”. 

Correio
Foto: Reprodução







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