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1 21/09/2020 08:21

Não foram poucas as mães e pais que tiveram receio de vacinar seus filhos nos últimos meses por conta da pandemia, afirma a pediatra Flávia Bravo, presidente da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações). Embora o governo tenha criado um protocolo de vacinação, com fluxo separado do atendimento de covid-19, faltou esforço para esclarecer a população sobre ele.

O índice de vacinação de crianças no Brasil, que já vinha registrando queda nos últimos anos, despencou em 2020 durante a pandemia, revelam dados do PNI (Programa Nacional de Imunizações). Embora a meta anual brasileira seja vacinar entre 90% e 95% das crianças com até um ano de vida, esse índice não passou de 61% entre janeiro e julho deste ano.

Em 2015, a média de cobertura das nove principais vacinas indicadas a essa faixa de idade esteve acima da meta: 95,8%. Nos anos seguintes, esse percentual começou a cair. Ficou em 86%, em 2016, e 87% em 2017. Em 2018, subiu para 90%, mas no ano passado a média não passou de 83%.

Vacinação em 2020

No ano passado, apenas uma vacina atingiu a meta: a tríplice viral D1, que imuniza contra sarampo, caxumba e rubéola. Já a cobertura da pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e a bactéria haemophilus influenza tipo b) foi a que mais caiu: chegava a 96,3% das crianças em 2015, mas fechou 2019 em 69,6%.

Em 2020, nem uma das nove vacinas analisadas se aproximou da meta. A cobertura mais crítica é da Hepatite B: despencou de 90%, em 2015, para 51% este ano. Segundo o Ministério da Saúde, os dados de coberturas vacinais de 2019 e 2020 "são preliminares", e só estarão consolidados em 2021.

Em julho, a OMS (Organização Mundial da Saúde) já havia alertado que a pandemia afetou a vacinação em pelo menos 68 países, colocando em risco 80 milhões de bebês. A entidade citou Brasil, Venezuela, Bolívia e Haiti como exemplos de países na América Latina em que a imunização vem caindo nos últimos anos.

Quando a vacinação está abaixo da meta, cresce o risco de retorno de doenças já erradicadas, como aconteceu ao sarampo em 2018, quando cerca de 10 mil casos foram registrados no país. Até o final de agosto de 2020, o país tinha 7.800 casos confirmados da doença.

Crianças sem vacina voltarão à escola

Para a pediatra Flávia Bravo, a queda nos índices de vacinação nos últimos anos é motivada por fatores que vão de quebras temporárias no fornecimento à queda dos índices de confiança do brasileiro na imunização. Pesquisa da revista especializada Lancet indica que ela caiu de 76% para 56% entre 2015 e 2019.

O Ministério da Saúde também atribui a redução na cobertura de vacinas à "falsa sensação de segurança causada pela diminuição ou ausência de doenças imunopreveníveis". Cita em nota a despreocupação dos jovens e "as falsas notícias veiculadas nas redes sociais".

O ministério também informa que no segundo semestre, está prevista as Campanhas Nacionais de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação para crianças e adolescentes menores de 15 anos. *UOL







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